Jesus envia setenta e dois discípulos
(Mt 11.21-24)
1Depois disto, o Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e enviou-os à sua frente, dois a dois, a todas as localidades, vilas e aldeias que tencionava visitar mais tarde. 2 Foram estas as instruções que lhes deu: “A seara é vasta e os trabalhadores são poucos. Roguem ao Senhor da seara que envie trabalhadores para ela.
Perseguições futuras
3 Agora vão, envio-vos como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não levem bolsa com dinheiro convosco, nem saco de viagem, nem mesmo calçado de reserva. E não percam tempo a cumprimentar as pessoas pelo caminho.
5 Na casa em que entrarem, primeiramente declarem a paz sobre ela. 6 Se o residente for digno de paz, deixem-lhe a vossa paz; se não, para vocês voltará. 7 Na casa em que entrarem, fiquem nela e comam e bebam do que vos puserem à frente. Porque digno é o trabalhador do seu salário.
8 Se uma cidade vos receber, comam do que vos oferecerem. 9 Curem os enfermos e digam: ‘O reino de Deus chegou até vós!’ 10 Se, porém, na cidade em que entrarem não vos receberem, saiam para as ruas e digam: 11 ‘Limpamos o pó desta povoação que se tiver incrustado aos nossos pés em protesto contra vós. Nunca se esqueçam de que o reino de Deus chegou!’ 12 Eu vos digo: Sodoma estará em melhor situação no dia do juízo do que essa cidade!
13 Ai de ti, Corazim, e ai de ti, Betsaida! Porque, se os milagres que vos fiz tivessem sido realizados nas cidades de Tiro e Sídon, o seu povo ter-se-ia sentado, há muito, em profundo arrependimento, vestindo pano de saco e deitando cinzas sobre a cabeça em sinal de remorso. 14 Contudo, Tiro e Sídon estarão em melhor situação no dia do juízo do que vocês! 15 E tu, povo de Cafarnaum, serás tu levantado até ao céu? Serás antes mergulhado no inferno!”
16 Depois disse aos discípulos: “Quem vos ouve é a mim que ouve e quem vos rejeita é a mim que rejeita. E quem me rejeitar rejeita quem me enviou.”
Os setenta e dois discípulos voltam
(Mt 11.25-27; 13.16-17)
17 Quando os setenta e dois discípulos voltaram, cheios de alegria, contaram: “Senhor, os próprios demónios nos obedecem quando nos servimos do teu nome.”
18 Disse-lhes Jesus: “Sim, eu próprio vi Satanás cair dos céus como um raio! 19 Dei-vos autoridade sobre os poderes do inimigo e para pisar serpentes e escorpiões. Nada vos fará mal. 20 Todavia, não se alegrem porque os demónios vos obedecem. Alegrem-se por os vossos nomes estarem registados nos céus!”
21 Naquele momento, Jesus, cheio da alegria do Espírito Santo, disse: “Pai, Senhor do céu e da Terra, graças te dou por teres escondido estas coisas aos instruídos e aos sábios e as revelares às criancinhas. Sim, obrigado, Pai, pois foi assim que quiseste!
22 O meu Pai deu-me autoridade sobre todas as coisas; e ninguém conhece verdadeiramente o Filho a não ser o Pai; e ninguém conhece verdadeiramente o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho tiver por bem revelá-lo.”
23 Voltando-se para os discípulos, disse-lhes em particular: “Felizes são os olhos que veem o que estão a ver! 24 Muitos profetas e reis desejaram ver o que vocês veem e não o viram; ouvir o que vocês ouvem e não o ouviram!”
O bom samaritano
(Mt 22.34-40; Mc 12.28-31)
25 Certo dia, um especialista na Lei judaica quis pôr Jesus à prova fazendo-lhe esta pergunta: “Mestre, que farei para obter a vida eterna?”
26 Jesus respondeu: “Que diz a Lei sobre o assunto?”
27 “Diz assim: ‘Ama o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento. E ama o teu próximo como a ti mesmo.’ ”[a]
28 “Estás certo”, respondeu-lhe Jesus. “Faz isso e terás a vida eterna!”
29 O homem, querendo justificar-se, perguntou: “E quem é o meu próximo?”
30 Jesus respondeu-lhe com esta parábola: “Um judeu que viajava de Jerusalém para Jericó viu-se atacado por salteadores. Estes, depois de lhe tirarem todas as roupas e o dinheiro, espancaram-no e deixaram-no como morto na berma da estrada. 31 Por acaso, passou por ali um sacerdote que, ao ver o homem tombado, se afastou para o outro lado da estrada e passou de largo. 32 Um outro, que era levita, fez o mesmo, deixando também o homem ali caído.
33 Porém, surgiu um samaritano que, ao vê-lo, teve muita compaixão dele. 34 Ajoelhando-se, tratou-lhe as feridas com azeite e vinho e pôs-lhe ligaduras. Depois, colocando o homem sobre o seu jumento, foi caminhando ao lado até chegarem a uma hospedaria, onde cuidou dele durante a noite. 35 No dia seguinte, entregou ao dono da hospedaria uma certa importância, recomendando-lhe que cuidasse do homem. ‘Se a despesa for além disto, pago a diferença na próxima vez que por aqui passar’, disse-lhe.
36 Ora, qual destes três homens dirias tu que foi o semelhante da vítima dos salteadores?” Ao que o homem respondeu:
37 “Foi aquele que mostrou compaixão por ele.”
Jesus disse-lhe: “É isso mesmo. Vai e faz o mesmo.”
Em casa da Marta e Maria
38 A caminho de Jerusalém, Jesus e os discípulos chegaram a um sítio onde uma mulher chamada Marta os recebeu em casa. 39 Maria, sua irmã, sentou-se no chão ao pé de Jesus, ouvindo o que ele dizia. 40 Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços. E, indo ter com Jesus, observou: “Senhor, achas bem que minha irmã me deixe sozinha a fazer o trabalho todo? Diz-lhe que venha ajudar-me.”
41 “Marta, Marta, como tu te deixas prender por tantas coisas! 42 Há só uma que é necessária. Maria escolheu bem e isso não lhe será tirado!”
Footnotes
- 10.27 Dt 6.5; Lv 19.18.